“ Há uma actividade - situada entre a ciência e o desporto - em que ainda é possível descobrir espaços desconhecidos. Essa actividade chama-se Espeleologia e leva-nos à aventura de descobrir os segredos guardados nas entranhas da Terra.
ESPELEOLOGIA
Quaisquer sejam os motivos pelos quais queiramos tomar contacto com o Mundo Subterrâneo, a sua razão encontrar-se-á sempre guardada na nossa mente. Cada um de nós quando, pensa numa gruta, desenvolve diferentes cenários compostos pelas histórias e lendas ouvidas desde pequeninos. Sejam contadas por Júlio Verne ou pelos nossos avós, essas histórias alimentarão para sempre a nossa imaginação de tesouros escondidos, monstros, novos mundos e mouras encantadas. Há ainda a inevitável vontade de descobrir, de entrar onde nunca ninguém esteve e de ser o primeiro a ver as inúmeras maravilhas do Mundo Mineral. Em suma, num único local podemos ser descobridores como Cabral, astronautas como Armstrong ou simples espeleólogos com o privilégio da contemplação do último reduto terreno, ainda não totalmente explorado pelo homem.
A espeleologia é assim: uma ciência porque estuda a formação e desenvolvimento das grutas ; um desporto porque tem uma actividade e um envolvimento físico intenso e porque é divertida e fascinante.
Aliada desde sempre à Montanha, a espeleologia herdou da escalada clássica os seus materiais e técnicas que, com as adaptações necessárias, permitiram atingir dentro das grutas maiores profundidades e distâncias de uma forma mais segura e rápida.
Assim, entre as características do material para a prática da espeleologia encontramos, o seu baixo peso, a sua grande resistência e a sua versatilidade, o que permite ao espeleólogo com um reduzido número de material, efectuar as diferentes técnicas necessárias à sua progressão horizontal e vertical.
Em Portugal estão inventariadas mais de duas mil grutas, distribuídas pelas regiões calcárias situadas entre o sul de Coimbra e o norte de Lisboa e também na Serra da Arrábida e Algarve.
AS GRUTAS
As grutas são cavernas calcárias que devem a sua existência à lenta e constante acção da água e aos produtos químicos nela dissolvidos.
Os maciços calcários quando afloram à superfície, entram em contacto com a água da chuva. Esta, devido à absorção do dióxido de carbono torna-se ácida e capaz de perfurar a rocha dura.
A água corre assim entre as fissuras da rocha, alargando-as e criando simultaneamente grandes poços e chaminés chamados "Algares" e grandes corredores a que chamamos "Galerias". Por vezes, essas galerias alargam-se em câmaras devido à queda sucessiva de blocos seu tecto, a estas chamamos salas, podendo atingir dimensões colossais, com mais de 500 metros de altura e com bases que podem atingir milhares de metros quadrados.
Mas a acção da água não se resume à dissolução das rochas. A força da gravidade faz com que a esta se escoe para níveis cada vez mais baixos, que só se esgotarão quando a água atingir um nível completamente impermeável, criando assim um lençol freático.
Pelo caminho a água, ao encontrar espaços abertos, liberta o dióxido de carbono absorvido, perdendo a capacidade de retenção dos minerais e depositando a cálcite dissolvida do calcário, que precipita das fendas, fazendo nascer formações calcíticas de rara beleza que se traduzem por estalactites, quando no tecto, estalagmites se no chão.
Em todo este processo de milhares de anos, temos ainda os pequenos lagos onde a calcite cristalizou em espectaculares polígonos romboédricos que contrastam com a espantosa aragonite ortorombica, esse espantoso mineral branco e em forma de arbusto.
Mas o Mundo Subterrâneo não é isento de cor. Os componentes do calcário, decoram as grutas de tons que vão do vermelho dos óxidos de ferro aos azuis do chumbo, nunca esquecendo o brilho vítreo do branco das formações calciticas quando muito puras.
Assim, neste mundo quase estritamente mineral, há ainda lugar para algumas formas de vida. Entre elas existe o mais misterioso mamífero terrestre, o Morcego. Sendo o mais diversificado, mais de mil espécies, é também o que está em maior perigo de extinção. A sua baixa natalidade, apenas uma cria por ano e a capacidade de reprodução só após o quarto ano de vida, faz dos morcegos um animal extremamente vulnerável.
Em Portugal, existem 27 espécies de morcegos, o que constitui quase 40% da nossa fauna de mamíferos terrestres, cerca de metade são cavernícolas.
A sua grande importância ecológica, revela-se na capacidade de cada animal poder consumir numa noite mais de metade do seu peso (mais ou menos 20g conforme a espécie) em insectos. O seu impacto no ecosistema é grande, se pensarmos que em todo o país diversas espécies consomem diariamente algumas toneladas de alimento.
Em Portugal foi recolhida informação respeitante a 22 mil morcegos cavernícolas que procuram as grutas por dois motivos importantes: para hibernarem e para se reproduzirem, ocupando igualmente as cavidades nos dois períodos intermédios. Os morcegos escolhem cavidades diferentes para as diferentes finalidades, tendo em conta as condições de humidade e temperatura. Ao longo do ano a temperatura de uma gruta tem uma variação que não vai além de três graus, podendo mesmo considerar-se que corresponde à média anual cerca de 16º. No que respeita à humidade, a variação poderá ser grande, não durante o ano mas de gruta para gruta. Assim, os morcegos escolhem as mais húmidas para a hibernação, pois perdem menos água na respiração.
As grutas assumem um importante protagonismo no estudo de várias disciplinas: da história, como importante arqueosítio não removido pelos agentes atmosféricos ou pelo homem; da biologia, pelo estudo da fauna cavernícola; da geologia, pelo estudo da formação da Terra; da geografia, pelo estudo climatérico e hidrográfico; e da química, pelos fenómenos de cristalização, alguns deles, únicos na Natureza."
Texto extraído do sítio da Associação de Espeleólogos de Sintra
ESPELEOLOGIA
Quaisquer sejam os motivos pelos quais queiramos tomar contacto com o Mundo Subterrâneo, a sua razão encontrar-se-á sempre guardada na nossa mente. Cada um de nós quando, pensa numa gruta, desenvolve diferentes cenários compostos pelas histórias e lendas ouvidas desde pequeninos. Sejam contadas por Júlio Verne ou pelos nossos avós, essas histórias alimentarão para sempre a nossa imaginação de tesouros escondidos, monstros, novos mundos e mouras encantadas. Há ainda a inevitável vontade de descobrir, de entrar onde nunca ninguém esteve e de ser o primeiro a ver as inúmeras maravilhas do Mundo Mineral. Em suma, num único local podemos ser descobridores como Cabral, astronautas como Armstrong ou simples espeleólogos com o privilégio da contemplação do último reduto terreno, ainda não totalmente explorado pelo homem.
A espeleologia é assim: uma ciência porque estuda a formação e desenvolvimento das grutas ; um desporto porque tem uma actividade e um envolvimento físico intenso e porque é divertida e fascinante.
Aliada desde sempre à Montanha, a espeleologia herdou da escalada clássica os seus materiais e técnicas que, com as adaptações necessárias, permitiram atingir dentro das grutas maiores profundidades e distâncias de uma forma mais segura e rápida.
Assim, entre as características do material para a prática da espeleologia encontramos, o seu baixo peso, a sua grande resistência e a sua versatilidade, o que permite ao espeleólogo com um reduzido número de material, efectuar as diferentes técnicas necessárias à sua progressão horizontal e vertical.
Em Portugal estão inventariadas mais de duas mil grutas, distribuídas pelas regiões calcárias situadas entre o sul de Coimbra e o norte de Lisboa e também na Serra da Arrábida e Algarve.
AS GRUTAS
As grutas são cavernas calcárias que devem a sua existência à lenta e constante acção da água e aos produtos químicos nela dissolvidos.
Os maciços calcários quando afloram à superfície, entram em contacto com a água da chuva. Esta, devido à absorção do dióxido de carbono torna-se ácida e capaz de perfurar a rocha dura.
A água corre assim entre as fissuras da rocha, alargando-as e criando simultaneamente grandes poços e chaminés chamados "Algares" e grandes corredores a que chamamos "Galerias". Por vezes, essas galerias alargam-se em câmaras devido à queda sucessiva de blocos seu tecto, a estas chamamos salas, podendo atingir dimensões colossais, com mais de 500 metros de altura e com bases que podem atingir milhares de metros quadrados.
Mas a acção da água não se resume à dissolução das rochas. A força da gravidade faz com que a esta se escoe para níveis cada vez mais baixos, que só se esgotarão quando a água atingir um nível completamente impermeável, criando assim um lençol freático.
Pelo caminho a água, ao encontrar espaços abertos, liberta o dióxido de carbono absorvido, perdendo a capacidade de retenção dos minerais e depositando a cálcite dissolvida do calcário, que precipita das fendas, fazendo nascer formações calcíticas de rara beleza que se traduzem por estalactites, quando no tecto, estalagmites se no chão.
Em todo este processo de milhares de anos, temos ainda os pequenos lagos onde a calcite cristalizou em espectaculares polígonos romboédricos que contrastam com a espantosa aragonite ortorombica, esse espantoso mineral branco e em forma de arbusto.
Mas o Mundo Subterrâneo não é isento de cor. Os componentes do calcário, decoram as grutas de tons que vão do vermelho dos óxidos de ferro aos azuis do chumbo, nunca esquecendo o brilho vítreo do branco das formações calciticas quando muito puras.
Assim, neste mundo quase estritamente mineral, há ainda lugar para algumas formas de vida. Entre elas existe o mais misterioso mamífero terrestre, o Morcego. Sendo o mais diversificado, mais de mil espécies, é também o que está em maior perigo de extinção. A sua baixa natalidade, apenas uma cria por ano e a capacidade de reprodução só após o quarto ano de vida, faz dos morcegos um animal extremamente vulnerável.
Em Portugal, existem 27 espécies de morcegos, o que constitui quase 40% da nossa fauna de mamíferos terrestres, cerca de metade são cavernícolas.
A sua grande importância ecológica, revela-se na capacidade de cada animal poder consumir numa noite mais de metade do seu peso (mais ou menos 20g conforme a espécie) em insectos. O seu impacto no ecosistema é grande, se pensarmos que em todo o país diversas espécies consomem diariamente algumas toneladas de alimento.
Em Portugal foi recolhida informação respeitante a 22 mil morcegos cavernícolas que procuram as grutas por dois motivos importantes: para hibernarem e para se reproduzirem, ocupando igualmente as cavidades nos dois períodos intermédios. Os morcegos escolhem cavidades diferentes para as diferentes finalidades, tendo em conta as condições de humidade e temperatura. Ao longo do ano a temperatura de uma gruta tem uma variação que não vai além de três graus, podendo mesmo considerar-se que corresponde à média anual cerca de 16º. No que respeita à humidade, a variação poderá ser grande, não durante o ano mas de gruta para gruta. Assim, os morcegos escolhem as mais húmidas para a hibernação, pois perdem menos água na respiração.
As grutas assumem um importante protagonismo no estudo de várias disciplinas: da história, como importante arqueosítio não removido pelos agentes atmosféricos ou pelo homem; da biologia, pelo estudo da fauna cavernícola; da geologia, pelo estudo da formação da Terra; da geografia, pelo estudo climatérico e hidrográfico; e da química, pelos fenómenos de cristalização, alguns deles, únicos na Natureza."
Texto extraído do sítio da Associação de Espeleólogos de Sintra
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